13 de maio
13 de maio de 2005, noite.
Comunhão.
“A treze de maio na Cova da Iria no céu aparece a Virgem Maria.
Ave, ave, ave Maria, ave, ave, ave Maria...”
“Ave, ave, aveeztruz...”
Entrávamos solenes na capela do colégio, vestidas de gala, mangas compridas, sapatos de verniz pretos. Eu, sacrílega e solene, sentia emoção confusa, desejo de rir e chorar.
O jejum doía, queria sair dali o mais depressa possível.
13 de maio de 2005, manhã.
Confissão.
Meninas, uniforme azul e branco, atravessam a praça do Bom Jesus. À frente a freira, urubu negro, puxa a fila indiana, é proibido falar, rir, brincar.
“Eu pecador me confesso, eu pecador me confesso...” ecoa na minha mente enquanto conto meus passos olhando a perna torta da menina da frente.
- “Padre, quero me confessar”.
- “Quais os seus pecados, minha filha?”
- “Tive maus pensamentos”.
- “Então reze dez padre- nossos e dez ave- marias.”
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