De perfil.
No reflexo do vidro do quarto vê o corpo, de perfil olha a barriga, apalpa,
quer adivinhar o que há ali dentro.
No vaso sanitário olha se saiu algo de dentro, tem que sair.
“Isto é coisa de prostitutas, de vadias, vai um dia acabar grávida”, ainda ouve a voz aguda da mãe. Tinha sete anos.
Aos trinta, grávida pela quinta vez, grita de dor enquanto o aborteiro raspa seu útero.
Menos um.
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