Thursday, March 29, 2007

Ele não veio. Esperou o dia todo. Ao entardecer o desapontamento pesava. Os olhos, com pálpebras caídas, borrados de kajal.
Fechou a casa. Os pássaros, em algazarra, a irritavam. Há dias em que deseja tapar ouvidos e não ouvir os bichos. Em outros dá prazer a alegria que vem de fora.
Deitou no sofá da sala que escurecia. Quis ficar perto do telefone. Talvez ele ligasse.
Amanheceu na sala. Batia sol no corpo, vinha subindo pelas pernas. Foi se despindo aos poucos. Abriu as coxas. Deixou que o sol a possuísse.
Ele não vem, nem telefona, há dias. Nem adianta ligar, o telefone toca até eu me cansar. Não há resposta.
Passei estes dias na expectativa. Hoje me cansei. Há um momento em que eu sinto que é preciso parar.
Fingir que ele não existe. Como? Ah! eu invento formas de esquecê-lo. Sabem como? Lembro das maldades dele. É mau, muito mau, quando quer. Sabe ser sedutor também. Mas é seco e mau, o meu eleito. Eu disse: "Meu eleito". Ih! estou ficando louca. Acabo de dizer que não o quero mais.
É assim no início. Fico confusa. Estou impregnada por ele. Sou capaz de sentir o cheiro dele no meu corpo.
Esta noite sonhei com um homem e não era ele. Não sei quem era. Um sonho erótico com outro homem é um bom começo para esquecer.
Ah! um dia eu consigo. Vocês verão.