Tuesday, June 14, 2005

O escritório do pai

Desde adolescente trabalhava na empresa do pai, empresário rico, mais padrasto que pai, o subjugava, humilhava, na frente dos outros funcionários.

Chegava em casa mais cedo às sextas, dia que o pai ia para o clube. Fechava-se no escritório, despia-se e cumpria o ritual profano-fazia discursos obcenos onde o pai era o personagem central.

Saia dalí aliviado.

Sem sucesso com as mulheres, na cama a humilhação se repetia, preferia o sexo oral pago.

O pai, bastante velho, teve um infarto e morreu.

Saiu do velório de fininho, telefonou para uma prostituta, a levou para o escritório e fez sexo até a exaustão.

O pai estava finalmente morto, ele livre e vivo.


Wednesday, June 08, 2005

Lá pelas cinco da tarde

Brincava com a irmã de pique-pega, ela dois anos mais velha deixava que ele a agarrasse e jogasse no chão.

Um dia ao tocá-la sentiu o corpo reagir, o pau ficou duro, se assustou, a empurrou para longe.

Dias depois voltaram a brincar, ele a jogava no chão, se esfregava e gozava rápido. a irmã fingia não ver o ofegar e rubor das faces.

Demorou para casar, a mulher pediu divórcio, não suportava a insatisfação, veio outra mulher e a traição.

Um dia chegou mais cedo do escritório, tirou o terno, a gravata, deitou na cama nu, lembrou da infância, dos jogos, da irmã...

Antes que a mulher chegasse deu um tiro certeiro no peito.

Thursday, June 02, 2005

Dia de jogo do Flamengo.

Pede: “Por favor, pare de arrastar este chinelo, veja o jogo sentado!”

Ele ignora.

Ela em desespêro se ajoelha, arranca os chinelos daqueles pés nojentos e rachados, joga-os pela janela, agarra seus próprios cabelos, batendo a cabeça na parede.

Ele finge não ver.

Ela tira suas próprias roupas se lanhando. Sai nua pelas ruas.

Ele dá graças a Deus.